A brasileira de 16 anos premiada pelo trabalho de conscientização sobre refugiados em Sydney

A brasileira Luiza Knijnik, de 16 anos, vencedora do prêmio Premier's Harmony Medal de Nova Gales do Sul para 2020, categoria Jovem.

A brasileira Luiza Knijnik, de 16 anos, vencedora do prêmio Premier's Harmony Medal de Nova Gales do Sul para 2020, categoria Jovem. Source: Supplied

Luiza Knijnik ainda não terminou o ensino médio e já organiza fóruns para fazer jovens australianos entenderem que ninguém foge de um país em conflito por acaso


Foi um e-mail enviado por uma professora da escola que acendeu na brasileira Luiza Knijnik, então com 15 anos, o interesse em fazer a diferença na vida de refugiados. Estudante na Caringbah High School, em Sydney, ela soube então que havia um projeto interescolar para aumentar a consciência entre jovens sobre a vida de refugiados na Austrália.

Em pouco tempo, ela organizava fóruns para mais de cem pessoas sobre o assunto.

Dois anos depois, nesta semana, Luiza foi agraciada com o prêmio de Nova Gales do Sul para 2020, categoria Jovem. Isso porque, nesse período, ela conduziu o Fórum Escolar de Refugiados, um grupo formado por estudantes que tenta conscientizar os australianos jovens sobre as dificuldades vividas por imigrantes refugiados.

Mais que isso, ela também já trabalha para formar novos estudantes líderes que se interessam em difundir os direitos humanos.

"O projeto já existia e eu entrei quando estava no segundo ano, 2018. Eu estava no nono ano. A minha professora mandou um email, e eu achei legal, e queria participar dele. Eu entrei e depois virei vice-líder do projeto. Eu estava com outras pessoas e fomos em outros workshops de advocacia, sobre como basicamente organizar o dia. (...) Depois a gente continuou o projeto em 2019 e fiquei num projeto mais de liderança. O projeto foi bem maior em 2019, a gente fez dois foruns. Mais de 120 pessoas em George River e outras 100 em Sutherland Shire".

Em alguns dos workshops, ela tenta fazer com que algumas pessoas vivam a experiência e tentem tomar as decisões que um refugiado tem que tomar em um novo país.

"Eu queria fazer uma diferença, aumentar a consciência. Nos dois dias foi treino de liderança e discurso público sobre racismo e sobre como abrir a mente das pessoas, a ter mais compaixão e empatia."

"...(os workshops) não eram pra refugiados, eram sobre refugiados. Refugiados que queriam falar sobre as experiências deles. Advogados de direitos humanos que vinham para contar como ajudavam as pessoas. E a gente fazia uma coisa inspirada na Cruz Vermelha que era o "Walking on your shoes". Era uma simulação que punha você numa situação de refugiado e as ações que você tinha que ter pra ter uma vida segura. Terminava com a pessoa chegando na Austrália e descobrindo que nunca viveria na Austrália, porque seria mandado para Christmas Island ou Nauru."

"Foi um impacto muito grande. Deixou as pessoas perceberam que ser refugiado não é uma escolha, ninguém escolhe sair do seu próprio país se você está em risco de morrer, você só está tentando viver num lugar seguro. É um direito humano viver num lugar seguro, onde você tem educação e comida sem sentir medo. Pode acontecer com a gente a qualquer momento, a gente é sortudo de viver num país sem guerra, mas um dia pode ter. E um dia a gente iria gostar de ser tratado com respeito se um dia precisar fugir. Acho que só sendo humano ter essa consciência e empatia."

E este não é o único projeto que ela se dedica a respeito. Ela também conseguiu uma subvenção para desenvolver um projeto social, que se transformou na revista online .

"Não só por isso (pelos workshops) que ganhei o prêmio. Ano passado eu e minhas irmãs concorremos a uma subvenção local para pessoas jovens fazerem um projeto social. Era uma revista online para jovens, feita por jovens, sobre justiça social, direitos humanos e igualdade de gênero. A gente desenvolveu e está na quinta edição e já teve mais de 7 mil leitores."

~A gente também recebeu uma notícia essa semana que a gente ganhou uma subvenção continuando o trabalho da Our Woke pra desenvolver um projeto sobre multiculturas em Nova Gales do Sul, "Me and my culture in New South Wales", que vai ser uma competição de pessoas jovens sobre as experiências deles, ou de racismo e coisas que superaram, ou celebrações. É pra gente aumentar a consciência de quanta diversidade tem em Nova Gales do Sul, e infelizmente a experiência de racismo que as pessoas jovens precisam encarar."

Brasileira nascida em São Paulo há quase 17 anos, Luiza Knijnik veio com a família quando criança, em 2009 para tentar a vida na Austrália. Seu pai é professor universitário em Sydney.  Ela está na idade de pensar na carreira vindoura. E, é claro, tem tudo a ver com sua atividade com refugiados.

"Eu ainda estou pensando, mas acho que gostaria de ser advogada de direitos humanos."


As pessoas na Austrália devem ficar pelo menos a um metro e meio de distância dos outros. Confira os limites no seu estado ou território para o número máximo de pessoas em encontros e reuniões.

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