Brasileiros contam como é empreender na Austrália regional

Giovani Gallo

Source: Instagram/Arquivo Pessoal

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Abrir o próprio negócio em uma área regional na Austrália pode ser mais fácil do que nas áreas metropolitanas. Além do custo, a concorrência também é menor. Mas, também existem desafios. Conheça a história de brasileiros que arriscaram empreender em áreas regionais e se deram bem.


A Austrália regional tem atraído cada vez mais pessoas que buscam abrir seu próprio negócio.

O governo australiano classifica as “regiões” de maneira um pouco diferente de como você possa imaginar.

Alguns estados inteiros são considerados “regionais” incluindo suas capitais, como Adelaide, Darwin e Hobart.
 
Recentemente o governo australiano retirou Perth da zona regional, mas antes disso, a cidade recebia grande parte dos imigrantes de escolhiam ir para essas áreas.
 
O país recebeu 4.766 trabalhadores qualificados para áreas regionais em 2016-17, mas quase metade se estabeleceu em Perth.

O governo removeu Perth como um destino “regional” em novembro, mas Darwin, Adelaide, Canberra e Hobart continuam sendo consideradas.

O brasileiro Bruno Garibaldi, de 32 anos, mudou-se de Goiânia para Melbourne, mas há um ano foi para a pequena Casterton, no interior do estado de Vitória, com 1700 habitantes.

Na regional ele abriu um café junto com a esposa e tem se dado muito bem.

O estabelecimento deles foi selecionado como finalista do , na categoria Turismo e Hospitalidade.
Bruno Garibaldi
Source: Supplied/Casterton News
“Nas áreas regionais tem muito dinheiro e muitas das vezes as pessoas não tem onde gastar. E quando você vem para o interior as pessoas dão valor se você vende um produto de qualidade. Nós somos um café de Melbourne no interior. Meu conselho é: vá para a regional Austrália, as oportunidades são muito grandes.”

O brasileiro Giovani Gallo, 26 anos, decidiu se aventurar em Tamworth, no interior de Nova Gales do Sul, há cerca de 400 quilômetros da capital Sydney.

“Eu estava planejando meios de conseguir a minha cidadania australiana. Como em Brisbane eu tive bastante experiência em hospitalidade e o mercado [em Brisbane] estava muito fechado para sponsor, eu optei buscar oportunidades na regional.”

Lá ele teve a ideia de abrir um Food Truck de Churros , como forma de matar a saudade do Brasil e começar a empreender na Austrália.
Giovani Gallo
Source: Arquivo pessoal/Instagram
Giovani conta que não foi tão complicado dar esse primeiro passo para abrir um negócio próprio em Tamworth.

“Foi bem fácil até, pois o Council me ajudou muito. Eu aconselho a todo mundo que quiser abrir um negócio na regional a procurar o Council, porque eles podem te ajudar de um jeito ou de outro, te dar um direcionamento e você avalia se é viável ou não.”

Outro brasileiro que se deu bem empreendendo na Austrália regional foi o Thiago Leite, de 35 anos.

Em Adelaide ele abriu um Food Truck de Tapioca no início deste ano e conta que algumas adaptações foram necessárias para triunfar na regional não só com o público brasileiro.
Thiago Leite
Source: Arquivo pessoal/supplied
“Em um primeiro momento o nosso nome era TapiocaTime, mas essa era uma barreira que dificultava a nossa aproximação dos clientes, porque a Tapioca remetia ao pudim de tapioca inglês, diferente da Tapioca brasileira. Mudamos o nome para TapiTime e daí o cliente chegava a experimentar e gostava.”

Entre as vantagens de ter um negócio na Austrália regional está o custo reduzido em relação aos grandes centros como Sydney e Melbourne.

“A vantagem em relação aos centros urbanos em Adelaide é o custo. Apesar do custo ser mesmo assim um pouco alto, o processo burocrático é menor quando se compara com Brasil, por exemplo”, diz Thiago.

“A Austrália é um país de oportunidades e eu vejo uma grande oportunidade na regional. A regional precisa de gente, tanto como empreendedores como funcionários, a necessidade da regional está bem maior do que a da capital”, afirma Giovani.

Mas, também existem dificuldades para empreender em lugares regionais.

“Eu acho que a dificuldade da regional é falta de público e de volume, pode ser que seja um processo mais lento. O público é mais fechado e menos aberto às coisas diferentes, o que eu acredito que seria mais fácil em regiões grandes como Sydney e Melbourne, onde as pessoas estão mais abertas para provarem coisas novas”, diz Thiago.

Para Giovani, a grande dificuldade é a falta de um calendário fixo de eventos para ir com seu Food Truck em Tamworth.

“O problema de Tamworth é o calendário, porque não é um calendário semanal que eu possa manter meu trailer toda semana na rua. Não tem tantos eventos aqui como existem na capital.”

Bruno diz que o fornecimento de mercadorias na regional não é tão constante como nas áreas metropolitanas, por isso é preciso planejamento.

“Os fornecedores vêm uma vez por semana ou uma vez a cada 15 dias e eu tenho que me preparar para receber esses produtos e não ficar sem,” disse. 

Apesar das dificuldades, arriscar uma vida na regional pode valer a pena.

“O maior risco foi vir para Austrália e largar tudo no Brasil. Eu acho que zona de conforto é a pior coisa em que você possa estar. Eu aprendi muita coisa sobre a cultura da Austrália e sobre as pessoas, coisa que eu jamais poderia ter vivido na capital”, diz Giovani.

“Na cidade grande você é só mais um, enquanto na regional você é especial. As pessoas são gratas por você trazer as suas habilidades e ideias para a região. Se você tem o que oferecer, as pessoas aqui vão te receber de braços abertos e te dar todo o suporte possível”, afirma Bruno.

Confira todas as áreas consideradas como "regionais" na Austrália.

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