Com goleada na estreia, a brasileira Mariel Hecher é a nova estrela da W-League

Mariel Hecher marca contra o Melbourne Victory: estreia excelente na W-League.

Mariel Hecher marca contra o Melbourne Victory: estreia excelente na W-League. Source: Brisbane Roar - Supplied

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A gaúcha de Caxias de Sul veio para a Austrália disposta a largar a carreira no futsal que teve no Brasil. Começou procurando peladas para fazer amizades e hoje atua ao lado de estrelas das Matildas no Brisbane Roar, uma das principais equipes da liga profissional australiana


A brasileira Mariel Hecher 28 anos, natural de Caxias do Sul (RS), é uma das mais novas estrelas do futebol feminino australiano. Ela está jogando na primeira divisão do campeonato feminino, a W-League, e abriu o placar do jogo contra o Melbourne Victory, um dos maiores times do futebol feminino na Austrália. E o dia não poderia ter terminado mais feliz, com uma goleada por 6 a 0 na sexta-feira 22.  

Ela foi a entrevistada do programa da SBS em português no último domingo.
Mas chegar até esse ponto foi uma longa história. Mariel largou a carreira no futsal brasileiro, onde foi campeã paulista, para se tornar estudante na Austrália. E tudo começou pela busca por peladas. 

"Eu vim para a Austrália sem saber o que fazer, na minha cabeça eu achava que não ia mais jogar. Só para me divertir. Na minha segunda semana aqui, comecei a procurar time para jogar nem que fosse uma peladinha. Porque, querendo ou não, é uma forma de conhecer pessoas. Daí comecei a procurar, mandei pra um time de futebol, que me respondeu pra jogar futsal. Comecei a jogar a F-League (liga de futsal australiana semi-amadora), por um time da Gold Coast chamado Galaxy FC, e naquele ano fomos campeãs australianas. E foi o último ano que houve a liga. Aí resolvi me aventurar no campo para ver o que iria dar, e a partir de então as coisas foram melhorando."
Do futsal para o campo, e o contrato com o Lions FC, de Bursbane, Mariel teve uma série de lições - e de lesões.

"Me descobri com uma atleta de futebol que eu nem sabia que tinha potencial. (...) Foi um período de muito aprendizado. Sempre tive na minha cabeça que mudar do futsal para o campo fosse uma transição fácil, e eu estava completamente enganada. Tanto passe quanto controle de bole, fisicalidade. Tive várias lesões por conta disso, em vez de jogar dois tempos de 20 minutos, jogar dois de 45… é bem difícil no corpo. Algumas lesões musculares. E tive vários técnicos que me ajudaram bastante a entender um pouco mais do jogo, como me posicionar, o que eu tenho que fazer, o que não tenho o que fazer. Sou muito grato às pessoas ao meu redor, especialmente ao técnico do Lyons, o Robert, que sempre acreditou no meu potencial. Sempre achou que eu tinha potencial pra jogar na liga profissional e ele sempre fez questão de me incentivar. E aos diretores do clube do Lyons, sempre me ajudaram bastante, especialmente sendo uma estudante imigrante. Sempre tentaram fazer de tudo pra mim ser possível treinar, para não ser mais uma barreira."

Mariel foi artilheira pelo Lions, marcando 22 gols em 19 jogos.
Mariel Hecher quando jogava pelo Lyons FC.
Mariel Hecher quando jogava pelo Lyons FC. Source: Supplied
Tendo um período estelar no Lions, ela foi chamada para jogar no Brisbane Roar, uma das principais equipes da W-League, ao lado de atletas como Emily Gienik, destaque entre as Matildas e de relevância internacional. Para Mariel Hecker, é importante foco e pensamento positivo.

"É bastante pressão. É treinar, treinar duro e pensar que sempre tem o próximo jogo. Sempre ter pensamento positivo, Às vezes as coisas não estão funcionando, mas tem que ter a cabeça no lugar. Uma semana tu vai começar entre as 11 jogadores, na outra não sabe. Sempre isso está na cabeça, ficar de fora, nunca joguei em outro lugar, só aqui. Mas é sempre ter pensamento positivo e tentar fazer a coisa certa, dar o meu melhor que o resultado vem."

Mariel em contrato até o fim da temporada, em abril. Perguntada se sonha em jogar no Brasil um dia, ela, aos 28 anos, prefere focar nos planos para depois da carreira de jogadora.

"Terminando a temporada eu provavelmente vou jogar pelo Lyons, porque estou terminando a faculdade aqui e estou tentando focar minha vida profissional depois do futebol. Infelizmente financeiramente não compensaria pra mim só jogar bola, porque o suporte não está ali. No Brasil, as coisas estão melhorando, vejo as meninas ganhando um salário digno que merecem, mas, quando não jogam fora, têm uma segunda profissão. É triste, mas as coisas estão melhorando na Austrália, estão evoluindo. O feminino atrai muito mais exposição que o masculino, e isso devido a seleção australiana, o sucesso que têm feito, o que está refletindo aqui. E porque a Copa do Mundo de 2023 vai ser na Austrália."

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