Coronavírus: Austrália quer cobrar parte do voo e estadia na Ilha Christmas dos seus cidadãos evacuados de Wuhan

Australian Prime Minister Scott Morrison poses for photographs on the jetty at Christmas Island in March 2019 (AAP).

Australian Prime Minister Scott Morrison poses for photographs on the jetty at Christmas Island in March 2019 (AAP). Source: AAP

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Em comunicado, o governo do primeiro-ministro Scott Morrison disse que os australianos evacuados de Wuhan, na China, para a Ilha Christmas, a 2.600 km de Perth, deverão auxiliar com os custos da viagem: “É um procedimento normal,” diz Peter Dutton, ministro federal dos Assuntos Internos/Home Affairs.


A Embaixada da Austrália em Beijing está esperando aprovação formal do governo chinês para iniciar a operação de remoção de cidadãos australianos e talvez neo-zelandeses também de Wuhan, na província chinesa de Hubei, epicentro do coronavírus.
O plano é enviar um avião para Wuhan, embarcar até 400 pessoas e trazê-las para algum ponto na Austrália, antes de trocar por aviões menores e seguirem para a Ilha Christmas, que abriga um centro de detenção para requerentes de asilo.

O aeroporto da ilha Christmas não tem condições de receber aviões de grande porte.
De acordo com a declaração do governo australiano:

“Nós agradecemos ao governo chinês por sua cooperação e pela maneira como trataram a Austrália e outros países que têm cidadãos em Wuhan e na província de Hubei. 

Australianos saindo de Wuhan em qualquer vôo fretado pelo governo australiano serão levados para a Ilha Christmas onde ficarão de quarentena por 14 dias, como condição para a sua saída de Wuhan."
O governo também quer que as famílias evacuadas façam uma contribuição para auxiliar nos custos da operacão,  “como é normal nessas circunstâncias. Isso vai garantir que estamos priorizando a saúde pública na Austrália”, diz o comunicado.

Não está claro, no entanto, quanto cada pessoa será cobrada pelo voo e estadia na ilha ou se também precisará pagar por algum tratamento médico.

"Esse é, como fui informado pelo Ministério das Relações Exteriores, procedimento normal nessas situações", disse Peter Dutton, ministro do Interior/Home Affairs, que rebateu críticas de que o plano era desumano.

“A Ilha Christmas foi construída para cenários como esse,” disse.

Alguns moradores da Ilha Christmas ficaram revoltados com a decisão do governo.

O respeitado líder da comunidade islâmica local, Zainal Majid, disse ao jornal The Australian que a Ilha Christmas não é lugar para a doença letal.

"Tenho certeza de que os moradores ficariam preocupados", disse Majid. “A ilha é um lugar bem pequeno, algo que é tão negativo como esse vírus ... por que a ilha deveria ter que lidar com isso?“
Com relação aos australianos que podem ser transportados de avião da China, apenas as pessoas que estão bem e não apresentam sintomas serão evacuadas, disseram as autoridades.

As pessoas doentes não poderão viajar para a Ilha Christmas.
O anúncio do governo teve grande repercussão nas mídias sociais, principalmente em relação ao “auxílio nos custos da viagem”.
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Cultivo de vírus

Cientistas em Melbourne conseguiram replicar o coronavírus a partir de uma amostra de paciente.

É a primeira vez que o vírus é cultivado fora da China, e espera-se que ele forneça informações cruciais para ajudar a combater o vírus e desenvolver uma vacina.

O cultivo poderá auxiliar na criação de um teste de anticorpos, o que permita a detecção do vírus em pacientes que não apresentaram sintomas e, portanto, não sabiam que tinham o vírus.

Números do coronavirus devem superar SARS

Novos casos foram confirmados do coronavírus na Europa.

França já tem quatro pessoas infectadas e a Alemanha registrou o primeiro caso de contágio entre humanos fora da Ásia.

O número de contaminados subiu para 7 mil casos, aproximando-se do número de contaminados pelo vírus SARS. Cerca de 170 pessoas já morreram em consequência do coronavírus.

A epidemia do vírus SARS (2002-2003) matou mais de 700 pessoas e infectou mais de 8 mil (dados da Organização Mundial da Saúde)

O site do Smart Traveler mantido pelo governo federal foi atualizado e pede aos australianos que "reconsideram [sua] viagens à China". 

O alerta também diz para as pessoas "não" viajarem para a província de Hubei, onde o surto começou.

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