O engenheiro brasileiro que usa 'escape rooms' como método de ensino na Austrália

Professor na Australian National University em Camberra, Bernardo Pereira Nunes uniu sua formação em Engenharia da Computação à educação para desenvolver um método de ensino através das chamadas salas de fuga, um passatempo cada vez mais comum. O método, já utilizado em algumas escolas de NSW e ACT, pretende ensinar temas áridos de uma forma que cative os mais jovens.

O brasileiro Bernardo Pereira Nunes, professor brasileiro da Australian National University: 'O aluno na maior parte da vida acadêmica está sozinho. A inteligência artificial é algo que o ajude a se preparar melhor para o que virá na vida dele'.

O ouvinte da SBS em Português talvez já tenha se deparado com uma 'escape room'. Há vários nomes em português: sala de fuga, jogo de saída, sala de quebra-cabeça, entre outros. É uma atividade relativamente comum entre grupos de amigos para se divertir, ou escritórios que pagam para treinar funcionários, e que basicamente consiste em um ambiente com cenário montado - pode ser uma prisão, um labirinto, um mundo de fantasia - no qual os participantes vão pegando dicas dentro do local até que consigam resolver os enigmas propostos e, com isso, deixar a sala. Vence a pessoa ou o time que chegar lá primeiro.

Bernardo Pereira Nunes em uma 'escape room': Como ensinar as tecnicidades das ciências da computação de uma forma envolvente?

As 'escape room' tem o seu público nos Estados Unidos, na Europa e também na Austrália, onde toda grande cidade tem alguns espaços que oferecem a atividade. E foi a partir de um desses que o engenheiro de computação brasileiro Bernardo Pereira Nunes, professor na Australian National University em Camberra, teve uma ideia: e se usarmos uma escape room como uma ferramenta de ensino?

A gente tem que ensinar os alunos a usar esta ferramenta de forma que contribua para o aprendizado em vez de usá-la sem desenvolver o pensamento crítico e outras habilidades

Bernardo Pereira Nunes, sobre inteligência artificial.

A ideia não surgiu por acaso: Bernardo une uma vasta carreira acadêmica no Brasil na área de tecnologia a educação. Como ensinar as tecnicidades das ciências da computação de uma forma envolvente? Como transmitir conceitos abstratos a estudantes acostumados a um novo universo da internet e de games?

É aí que entram os escape rooms. O professor organizou uma primeira experiência com estudantes da própria universidade onde leciona, usando um espaço físico para isso. E foi um sucesso. Após várias adaptações, o professor natural do Rio de Janeiro desenvolveu uma metodologia de ensino baseada nas salas de fuga que estão sendo usadas em escolas de Nova Gales do Sul e do Território da Capital Australiana. O plano é expandir cada vez mais, num método com potencial de ganhar o mundo.

Os alunos entram no local e assim como no passatempo. nos escape rooms de verdade, têm que descobrir a saíde, desvendar mistérios, nesse caso, questões relacionados à disciplina que estão estudando e sair do local dentro de um tempo limitado. Também devem trabalhar em grupo para conseguirem sair.

Quando surgiu a calculadora, as pessoas não pararam de fazer contas. Criaram-se novos empregos onde se necessitava daquela habilidade específica pra realizar as atividades daquela profissão

Bernardo Pereira Nunes, sobre inteligência artificial.

Nesta conversa com a SBS em Português, Bernardo Pereira Nunes conta a sua trajetória até chegar a universidade em Camberra, contextualiza o projeto educacional com as escape rooms, fala sobre o acordo que fez com o governo do estado brasileiro do Piauí no ramo de tecnologia e educação, e se diz otimista com o futuro da inteligência artificial na sociedade.

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