O trabalhador de demolição, Hasam Jaber, de 20 anos, sempre quis contar a outras pessoas o que estava passando.
Ele queria falar sobre o seu vício no jogo, que durou 12 meses.
"Eu faço cerca de 50 mil dólares por ano, então eu colocava praticamente todos os dólares na máquina, entende? Apenas perseguindo aquele sonho de ganhar um dia, mas isso nunca aconteceu".
Jaber é do bairro de Bankstown a sudeste de Sydney, onde os clubes estão lucrando alto com as máquinas de jogos.
Dos 10 clubes mais lucrativos em Nova Gales do Sul, nove estão operando no oeste ou sudeste de Sydney.
"Você quer muito se sentir rico. Mas, na realidade, você vai trabalhar no dia seguinte com o bolso vazio. Chega ao ponto em que você recebe empréstimos em dinheiro e coisas assim, Empréstimos no dia de pagamento, 500 dólares aqui, mil dólares ali ... "
Aqueles que ainda não conseguiram abandonar o vício são mais relutantes em falar publicamente.
Uma dessas pessoas é a imigrante italiana que vamos chamar de Anna.
"É muito monótono. Eu ainda sou uma viciada. Tentei lutar contra isso, sair disso. Às vezes sou forte, às vezes sou fraca".
Esses clubes, que levam muitas pessoas ao vício, tentam passar uma imagem diferente, de que são grandes contribuidores e apoiadores da comunidade.
Agora, pela primeira vez, a SBS obteve números exclusivos mostrando onde o dinheiro está sendo gasto, incluindo os pagamentos para os funcionários nas posições mais altas.
Com o lucro bruto gerado pelas máquinas de pôquer ou com as perdas dos jogadores, o Bankstown Sports Club contabilizou mais de $ 84 milhões de dólares no ano até agosto, e gastou $1,6 milhões de dólares nos salários de seus executivos só no último ano financeiro.
Durante o mesmo período, os lucros das máquinas em Cabra-Vale Diggers, no bairro de Fairfield a oeste de Sydney, foi de $ 75 milhões, com seus cinco executivos levando para casa pelo menos $1,18 milhões de dólares.
Ali perto, o Clube Católico Dooleys Lidcombe ganhou quase $82 milhões de dólares, com os gerentes dos clubes recebendo um salário de $2,3 milhões de dólares.
O Clube de Fairfield teve um lucro de $40 milhões de dólares com suas máquinas de pôquer.
Fairfield é estatisticamente uma das áreas mais desfavorecidas de Nova Gales do Sul.
O relatório do Bureau de Estatística da Austrália mostra que o local apresenta uma taxa de desemprego que é quase o dobro da média nacional.
E mais de metade da população nasceu no estrangeiro, com sete em cada 10 pessoas falando um idioma diferente do inglês em casa.
Os líderes comunitários dizem que os imigrantes e os recém-chegados são algumas das pessoas mais vulneráveis ao vício em jogos de azar.
Heshmat Shaheed faz parte do Conselho Árabe da Austrália.
"Quando eles vêm para a Austrália, eles não conseguem nem falar o idioma, não conseguem encontrar trabalho. Eles se sentem entediados por ficarem sem fazer nada."
O clube que dá mais lucros em Nova Gales do Sul é o Mounties Bowling Club, que, como outros clubes, investe na comunidade local e, no caso do Mounties, no campo de futebol da prefeitura de Fairfield.
Thang Ngo foi um dos vereadores de Fairfield.
Ele diz que a influência do clube na comunidade local é controversa.
"De certa forma, eles fazem parte da comunidade, mas, de muitas maneiras, eles são os donos dessa comunidade".
Em uma declaração à SBS, o presidente-executivo do Clube Fairfield RSL, Anthony Sobb, comparou o gerenciamento de um clube à administração de uma empresa
"Com essa expectativa, ou responsabilidade ... Eu não acho que é inadequado que os funcionários sejam pagos de acordo. Eu também acho que é importante que os" benefícios "para a comunidade simplesmente não sejam medidos pela doação".
É uma guerra que ex-viciados como Hassan Jaber estão determinados a vencer.
"Não vale a pena. Se você quiser ganhar, você tem apenas que trabalhar para isso. Se você quer perder, esse é o lugar certo."
