Empresas portuguesas testam a semana de 4 dias

At the office, people busy with their work.

Source: Image by Phillie Casablanca / Creative Commons

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Confira a crônica desta semana do correspondente da rádio SBS, em Lisboa, Francisco Sena Santos.


O conceito não é novo, mas a pandemia, com muito teletrabalho relançou o debate. Algumas empresas estão a dar passos, ainda tímidos na alteração do modelo de trabalho. Algumas empresas estão a adotar o sistema misto que junta o teletrabalho com o presencial e outras experimentam a semana de 4 dias.


Os ganhos para o trabalhador em matéria de conciliação e motivação são considerados relevantes. Há gestores que também apontam impactos positivos na produtividade. O problema está na forma de passar da semana de cinco dias para a de quatro. Quem paga o ajustamento? Num país de baixos salários e tecido empresarial frágil, como é Portugal, levantam-se muitas questões.

Em Portugal, a PwC dá desde maio aos seus 1500 trabalhadores a possibilidade de gozar fins de semana prolongados, tirando as tardes de sexta-feira de folga. E na New Work, que desenvolve soluções para o equilíbrio trabalho-família, quem quiser também já pode trabalhar menos horas por semana. Os modelos escolhidos são distintos, mas todos tentam uma aproximação a uma semana de trabalho mais curta e aos benefícios que muitos já lhe reconhecem.


“Em todas as empresas que experimentaram o modelo da semana de quatro dias, os ganhos de produtividade foram muito grandes”, diz Pedro Gomes, professor da Universidade de Londres e autor do livro “Friday Is the New Saturday — How a four-day working week will save the economy”.

O economista defende a adoção transversal do modelo, pela via legislativa. E dá argumentos como o aumento da procura pelo estímulo das atividades de lazer e turismo, o incentivo da inovação e o combate aos movimentos populistas, que sustenta no pensamento de alguns dos maiores economistas a nível mundial.

A grande questão é como passar do atual modelo da semana de trabalho de cinco dias para o de quatro dias. Pedro Gomes apresenta várias formas de ajustamento, que vão do congelamento a cortes salariais, aumento das horas trabalhadas nos restantes dias, redução de férias ou feriados, até ao modelo de as empresas subirem preços e usarem os seus lucros.


A semana de trabalho mais curta é um conceito, ainda em fase de testes, mas que avança.



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