A hipermodernidade na recuperação das tradições na arte da portuguesa Joana Vasconcelos

Joana Vasconcelos

A artista portuguesa Joana Vasconcelos, que tem conquistado o mundo com o atrevimento nas obras que ela cria. Source: EPA/C. LATASSA

Livro sobre a obra de Joana Vasconcelos, a artista plástica portuguesa que tem conquistado o mundo com o atrevimento nas obras que cria, está sendo escrito pelo autor francês Gilles Lipovetsky, e o filósofo Jean Serroy


Gilles Lipovetsky, o francês autor de livros de referência sobre a sociedade contemporânea, como a ERA DO VAZIO ou O IMPÉRIO DO EFÉMERO escreve agora, com o também filósofo Jean Serroy, um ensaio publicado em livro sobre a obra de Joana Vasconcelos, a artista plástica portuguesa que tem conquistado o mundo com o atrevimento nas obras que ela cria. 
 
Há aquela Marilyn representada por sapatos feitos com panelas de alumínio, sapatos cujo salto alto tem 3 metros de altura. Ela cobriu com  toalhas de renda a Ponte Luís I, no Porto, decorou um dos barcos cacilheiros que atravessam o rio Tejo cobrindo-o com azulejos, levou um outro vestido com cortiça à Bienal de Veneza. 
 
Joana Vasconcelos cria  aquilo que para uns é kitsch (há quem lhe chame “piroseira”), para outros é uma apropriação irónica que investe símbolos antigos e objetos banais de valores estéticos novos. 
 
Lipovestsky rejeita a ideia de kitsch, aponta a ousadia de um neo-barroco: “Ao contrário do kitsch, do seu lado superficial, infantil, apolítico, sem densidade ou duplo sentido, as obras de Joana Vasconcelos nunca são vetores puros de prazer regressivo, de imagens simples a consumir no instante, de imediatez no prazer conferido pelo maravilhoso, pelo trágico, pela doçura das cores açucaradas. Carregadas de crítica social e política, as suas obras polissémicas associam jogos decorativos e sentido, sedução e simbolismo, ludismo e refletividade.” 
 
Lipovetsky vê a arte de Vasconcelos como representativa de uma evolução dos nossos tempos que ele descreve e à qual deu nome: a hipermodernidade. “Não uma pós-modernidade, cujo próprio prefixo significa um após, uma rutura com uma modernidade declarada morta, mas uma modernidade hiperbólica, que remata os processos organizadores da própria modernidade, uma modernidade radicalizada, exacerbada”. 
 
Joana  Vasconcelos apropria elementos de arte preexistentes, no seu caso das artes tradicionais portuguesas — renda, filigrana —, mas não faz pastiche. “Se as suas obras fazem com frequência alusão ao passado e casam com o trabalho artesanal  não têm nada de saudosista ou de conservador, pelo contrário são provocação, muitas vezes denúncia, põe-nos a pensar. 
 
Este livro Joana Vasconcelos ou o Reencantamento da Arte, por Lipovetsky e Serroy, é um incitamento a que exploremos a obra de Joana Vasconcelos, muito presente também na internet.

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