Programa de visto Work and Holiday australiano deve incluir Brasil

Grape-pickers (SBS)

Grape-pickers (SBS) Source: SBS

O visto do ‘mochileiro’ que permite estudar e trabalhar na Austrália por até três anos deverá ser expandido para 13 países, entre eles o Brasil. O plano conta com o forte apoio e lobby do setor agrícola da Austrália.


O ministro da Imigração, David Coleman, está visando ‘mochileiros’ do Brasil e de mais 12 países para suprir a falta de mão de obra na Austrália rural.

O número de vistos WH para estes países será adicionado à lista de países que já tem esse acordo com a Austrália, como Portugal, Chile, Argentina e Peru, e dezenas de outros. 

Cerca de 150 mil pessoas estavam na Austrália com o visto Work and Holiday em março desse ano, mas o programa ‘encolheu’ nos últimos cinco anos.

Os planos são mais uma tentativa do governo de ajustar uma parte importante – e contenciosa – do programa de imigração da Austrália.

O governo tem anunciado uma série de medidas para tentar suprir a mão de obra regional:

  • A Grécia e o Equador foram adicionados ao programa Work and Holiday esse mês
  • O limite de vistos WH emitidos para Portugal subiu para 500 (assim como de outros países)
  • Portadores do WH podem extender sua permanência na Austrália por até três anos
O governo também lançou uma série de vídeos publicitários nos mercados internacionais, chamando a Austrália de "o melhor lugar para trabalhar no mundo".

O Ministro David Coleman disse que as mudanças visam resolver o problema da escassez de mão-de-obra nas áreas regionais, especialmente no meio rural.

"Sabemos que os turistas com visto de férias e trabalho viajam mais para áreas regionais do que a maioria dos turistas estrangeiros", disse ele.

"Eles também gastam quantias substanciais, ajudando a impulsionar as economias regionais".

Enquanto que o programa de vistos 417 serve a países com grande número de mochileiros, como Alemanha e Suécia (que têm um número ilimitado de vistos WH emitidos), países que fazem parte do esquema 462 são geralmente países em desenvolvimento.

Coleman rebateu às críticas de que o esquema WH estaria se tornando um canal para os trabalhadores migrantes de baixa qualificação:

"Candidatos ao programa de visto de trabalho e férias na Austrália devem atender aos requisitos mínimos antes que um visto possa ser concedido, incluindo ter um nível funcional de inglês e eles devem ter qualificações de nível superior ou estar estudando para obter uma," disse o Ministro da Imigração David Coleman.

Embaixadores da Austrália e do Brasil destacam importância do acordo WH e isenção de visto brasileiro para australianos como incentivo

Em entrevista à SBS em Português, o embaixador do Brasil na Austrália, Sérgio Eduardo Moreira Lima, disse que a medida adotada pelo Brasil - de eliminar o visto de entrada para turistas australianos - , mas é uma decisão que cabe ao governo da Austrália."

Já o Embaixador da Austrália no Brasil, Timothy Kane disse que um acordo com o Brasil é benéfico não apenas para os jovens brasileiros que vêm para a Austrália, mas para os australianos que vêm ao Brasil [já que a medida exige reciprocidade]. completou.

Mudanças foram bem recebidas pelos agricultores, mas preocuparam alguns acadêmicos

O gerente de relações trabalhistas da Federação Nacional de Agricultores da Austrália, Ben Rogers, disse a que a Federação aplaude todas e quaisquer medidas "que abordam a séria questão da escassez de mão-de-obra no setor agrícola".

No entanto, ele afirmou que as mudanças feitas até agora e a expansão do programa estão "longe de ser uma solução perfeita".

Países na lista para a expansão do Work and Holiday visa:

Brasil

Índia

México

Filipinas

Suíça

Fiji

Ilhas Salomão

Croácia

Letônia

Lituânia

Andorra

Mônaco

Mongólia

"Enquanto saudamos essas e outras mudanças que o governo federal fez no ano passado e no início deste ano para vistos de trabalho e férias para as fazendas australianas, ainda estamos esperando que ele siga adiante com suas declarações públicas de que está trabalhando para obter um novo acordo de vistos," disse Ben Rogers, da Federação Nacional de Agricultores da Austrália.

O primeiro-ministro Scott Morrison disse no ano passado que seu governo não descartou um visto específico para o setor agrícola.

Shanthi Robertson, pesquisador da Western Sydney University, disse que dois aspectos do programa - a extensão do esquema para um terceiro ano e o ajuste para permitir que os trabalhadores permaneçam no mesmo empregador por 12 meses, acima dos seis meses - são preocupantes.

"A questão fundamental é amarrar uma determinada situação de trabalho à obtenção de um visto e à obtenção de mais tempo na Austrália", disse Shanti."Isso sempre abre as portas para exploração."

Joanna Howe, professora de direito na Universidade de Adelaide, escreveu um relatório sobre os imigrantes dentro do setor de horticultura no início deste ano e questionou o esquema de trabalho de férias.  

"Esse programa não traz nenhuma das obrigações de patrocínio ou requisitos adicionais de aprovação que existem em programas dedicados ao mercado de trabalho, como programas Temporary Skills Shortage ou o programa para trabalhadores sazonais", disse ela.

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