As inovações do futuro próximo na Web Summit 2020 em Lisboa

Web Summit em Lisboa

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Da cidade toda digital à escola conectada para todos em todo o mundo, o evento em Portugal, como sempre, aponta para onde a tecnologia vai nos levar nos anos vindouros


A grande feira tecnológica que é a Web Summit é uma das grandes mostras das novidades tecnológicas e das ideias associadas pelo mundo, com foco na economia digital e também no futuro da humanidade. Desde que se instalou em Lisboa há 4 anos, revolucionou os ritmos da capital portuguesa nesta época do ano, efeito da presença de umas 100 mil pessoas vindas de diferentes lugares do mundo.

Porém, neste 2020, efeito da pandemia, tudo foi online, não veio ninguém exceto a equipa organizadora que envolve algumas centenas de pessoas.

A falta da multidão foi um desespero para a hotelaria, para os restaurantes e para os bares.
Estão desde março, na prática 9 meses, ou fechados ou com casa praticamente vazia, e a Web Summit tornou-se nos últimos anos sinónimo de enchentes em hostels, hotéis e em todos os lugares de comidas, bebidas e de diversão.

No formato online, com cinco ecrãs simultâneos ao longo de três dias, a Web Summit juntou líderes globais.

Nos três dias de Web Summit houve milhares de apresentações. Uma das mais seguidas foi a de Liang Hua, chairman da Huawei, que deixou a previsão de que a Economia digital será responsável por 30% do PIB mundial nos próximos cinco anos.

Segundo Liang Hua, a nova geração móvel servirá mais de metade da população em 2025, potenciando o crescimento de tecnologias como Cloud Computing, Inteligência Artificial (IA) e Realidade Virtual e Aumentada. Explicou: com maior velocidade de transferência, maior robustez e menor latência, o 5G terá capacidade para "digitalizar as indústrias com maior rapidez", trazendo para a realidade quotidiana cenários até aqui futurísticos em áreas como a educação ou a saúde.
Outra comunicação muito seguida foi a de Eric Yuan, fundador da plataforma de videoconferência Zoom, a apontar que, "no espaço de dez a quinze anos", as videochamadas vão permitir "sentir um aperto de mão, o cheiro do café" ou até ter tradução simultânea.

Também se ouviu o criador da Wikipedia, Jimmy Wales, a anunciar uma nova rede social, a WikiTribune Social (WT Social) não tóxica:

Um outro palestrante muito seguido nesta Web Summit foi Nick Clegg. O ex-líder liberal-democrata e ex-vice primeiro-ministro britânico atravessou o Atlântico e é agora vice-presidente do Facebook para as relações públicas e comunicação. Contou que o Facebook, no segundo trimestre do ano, “removeu 22,5 milhões de publicações de discurso de ódio” da plataforma, e bloqueou milhões de contas falsas”. Nick Clegg defende que é preciso atualizar as regras da Internet, mas sem impor censura às redes, porque, reforçou, as redes estão agora a saber barrar os discursos de ódio”.

Esta Web Summit deste ano também serviu, por exemplo, de verdadeira montra para a Comissão Europeia (CE) expor a sua estratégia ambiental e tecnológica. A presidente Ursula von der Leyen destacou que “a Europa tem o potencial para liderar no digital”, mas que “é necessário ultrapassar vários obstáculos, nomeadamente na área da regulação”.

Disse que embora o ano de 2020 tenha trazido uma crise económica sem precedentes, também trouxe "um catalisador e um acelerador da mudança". Concretizou: "Só em 2020, o valor das empresas tecnológicas europeias cresceu quase 50%. Estão a atrair mais investimentos do que nunca."

Além disso, destacou que "nos últimos cinco anos o valor das empresas tecnológicas europeias quadruplicou".

Já o seu braço direito, o vice-presidente executivo da CE para o Pacto Ecológico Europeu, disse que "ninguém pode ficar para trás" com a transição verde, sublinhando que "não pode ser só para os ricos ou só para os jovens" e que "é decisivo" abarcar toda a gente.

Redução de emissões, novas políticas energéticas, mudanças nos transportes, veículos elétricos, painéis solares, reforma da Política Agrícola Comum - as metas são muitas e diversificadas, mas todas precisam de tecnologia para acontecerem. Destacou que “a digitalização vai desempenhar um papel muito importante, mas tem de ser combinada com o ambiente".

Ao mesmo tempo, foram apresentadas milhares de propostas. Há que escolher os nichos, e explorar a curiosidade: o belga Stijn Bogaerts, que participou na Web Summit para apresentar a MoNoA, uma aplicação que monitoriza o nível de estresse das pessoas e ajuda a manter a saúde mental.

No painel “Armed with a Pen: The battle for education” ("Armados com uma caneta: a batalha pela educação"), da Web Summit, a importância da internet na educação foi o foco. O tema ganhou relevância devido à pandemia de COVID-19, durante a qual a desigualdade de oportunidades de acesso ao ensino digital foi evidente, especialmente durante o confinamento, quando muitas crianças ficaram sem possibilidade de assistir a aulas à distância.

Para a diretora executiva da Unicef, Henrietta Fore, a resposta está encontrada: “conectividade universal à internet”. Explicou: "O nosso objetivo é contactar todas as escolas do mundo à internet nos próximos dois anos. Por isso, juntámo-nos [ao movimento] Generation Unlimited e à União Internacional de Telecomunicações" na criação do "Giga” – projeto que visa ligar todas as escolas à Internet e todos os jovens à informação.

O CEO da empresa tecnológica chinesa Terminus, Victor Ai, esteve na Web Summit, no painel “Building AI cities”, e apresentou o projeto Cloud Valley, um campus de inteligência artificial (IA) e robótica. É a IoT (Internet of Things) levada ao extremo.

O projeto Cloud Valley está a ser construído na cidade de Chongqing, região do sudoeste da China, e é o primeiro piloto mundial de uma cidade suportada por inteligência artificial. Aqui, os objetos terão sensores e dispositivos ligados à rede wi-fi para recolher todos os dados sobre tudo e há uma permanente aprendizagem sobre todas as capacidades necessárias. Segundo o CEO da Terminus, ao integrar o hardware no sistema operativo, toda a cidade poderá ser gerida como os smartphones.

Todos os anos na Web Summit há distinções: A Lalibela Global Networks, uma startup da Etiópia que digitaliza ficheiros médicos em África, foi a grande vencedora da edição de 2020 da Web Summit. A empresa está a ajudar startups em África a poupar dinheiro e a gerir melhor a pandemia da COVID-19. A Lalibela criou o sistema ABAY-CHR para digitalizar, automaticamente, documentos de hospitais em África, poupar papel e facilitar o processo de procurar informação sobre os doentes. Só na Etiópia, a startup já digitalizou 1,2 milhões de registos de pacientes.

Entre as três finalistas ao prémio de melhor do ano estavam também a britânica swIDch, que cria tecnologia de autenticação para empresas com os funcionários em teletrabalho, e a Rheaply uma startup norte-americana que oferece um mercado online (como o Google ou a Amazon) onde as empresas podem vender, doar ou arrendar objectos, materiais e serviços que já não estão a usar.

A Web Summit fornece todos os anos uma síntese de muito do que de novo está a acontecer pelo mundo.

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