Uma a cada três pessoas que trabalham no parlamento australiano já sofreu algum tipo de assédio sexual no local

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Brittany Higgins, ex-funcionária do parlamento federal australiano, declarou em fevereiro deste ano ter sofrido estupro dentro do parlamento em 2019. Source: AAP Image/Dean Lewins

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Os dados são de um relatório divulgado hoje que foi iniciado há mais de oito meses, após declaração da ex-funcionária do parlamento Brittany Higgins de ter sofrido estupro no local.


O primeiro-ministro Scott Morrison deu as boas-vindas ao lançamento de um relatório muito aguardado sobre a cultura do parlamento, depois que surgiram preocupações levantadas a partir da declaração da ex-funcionária política Brittany Higgins de ter sofrido estupro no parlamento.
 
Depois de mais de oito meses, o relatório da Comissária de Discriminação Sexual Kate Jenkins, autorizado pelo governo federal, se tornou público. 
 
O documento aponta que um a cada três trabalhadores do parlamento federal sofreram alguma forma de assédio sexual. E apenas 11% daqueles que sofreram assédio relataram o ocorrido.
 
O relatório recomenda que todos os partidos políticos devem buscar a paridade de gênero para mudar a cultura do local de trabalho, a criação de um novo código de conduta para parlamentares e seus funcionários, e a execução por uma Comissão Parlamentar Independente de Normas.
Scomo relatório
O primeiro-ministro Scott Morrisson com o relatório divulgado hoje que aponta que uma a cada três pessoas que trabalha no parlamento já sofreu assédio sexual. Source: AAP Image/Lukas Coch

Scott Morrison agradeceu Brittany Higgins por seu trabalho de apoio à causa, e disse que o governo vai agir com relação às recomendações do relatório.
 
"Nós não esperamos receber esse relatório para tomar atitudes. Nós agimos através do relatório do comissionamento paralelo e implementando aquelas recomendações. Então agora nós abordamos as novas recomendações não do começo mas já em andamento, agindo juntos para responder a essas questões tão sérias que vieram à tona neste local. São problemas de todos nós, e que todos nós temos a responsabilidade de resolver". 
 
A autora do relatório, Kate Jenkins, disse que ficou chocada com a predominância de assédio moral, assédio e agressão sexual sofridos por mulheres no parlamento federal.
 
"Ou por abuso online ou por assédio sexual direto, as taxas estiveram entre as mais altas do relatório. E isso foi realmente chocante para mim. Mas talvez isso identifique o que gera o poder e a desigualdade de gênero, e mostre que isso ainda existe no nosso local de trabalho. A maioria dos cargos mais altos não são ocupados por mulheres".
Kate Jenkins
Autora do relatório, a Comissária de Discriminação Sexual Kate Jenkins disse ter ficado chocada com os casos de assédio moral e sexual no parlamento. Source: AAP Image/Dan Himbrechts

Ela disse que mesmo que não tenham sido feitas recomendações sobre cotas de gênero, há uma necessidade de mais representação de gênero e diversidade cultural nos cargos mais altos, e que o relatório público é um meio de atingir isso.
 
"Nós concluímos que os quatro principais impulsionadores dessa conduta errada são a falta de balanço de poder, a desigualdade de gênero, a falta de prestação de contas e a falta de diversidade. Quando olhamos para esses fatores, há uma urgência de mudança. E é por isso que uma das principais ações deve ser trazer mais diversidade ao parlamento. A realidade é que o parlamento deveria estar de acordo com a comunidade. Se há um local de trabalho que deveria representar a comunidade, esse lugar é realmente o nosso parlamento". 
 

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